Nos últimos meses, enfrentamos um grande desafio em nossas carreiras com o desastre de enchente que devastou nosso querido estado do Rio Grande do Sul. As consequências desse evento traumático continuam a se manifestar na saúde mental de nossos pacientes. É fundamental para nossos profissionais de saúde, lembrarmos que nada substitui uma boa entrevista clínica.

A empatia, sensibilidade e atenção que oferecemos durante a entrevista clínica são insubstituíveis. Essas qualidades não apenas ajudam a estabelecer um vínculo de confiança com o paciente, mas também permitem uma compreensão mais profunda de suas experiências e necessidades. Vamos sempre lembrar da importância desses fundamentos da nossa profissão.

No entanto, as escalas de avaliação são ferramentas valiosas que podem complementar nossa prática clínica. Elas auxiliam na identificação de sintomas e condições que podem necessitar de uma intervenção mais específica:

1.⁠ ⁠Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT)

PCL-5 (PTSD Checklist for DSM-5): Uma ferramenta que ajuda a identificar sintomas de TEPT

2.⁠ ⁠Depressão

PHQ-9 (Patient Health Questionnaire-9): Avalia a presença e a gravidade dos sintomas depressivo, tem a versão menor PHQ-2 (com apenas 2 perguntas)

3.⁠ ⁠Uso de Substâncias

CAGE: Um instrumento breve para a triagem do uso de álcool (lembre também de perguntar sobre outras substâncias)

4.⁠ ⁠Ansiedade

GAD-7 (Generalized Anxiety Disorder-7): Uma escala breve que ajuda a identificar e medir a gravidade do transtorno de ansiedade generalizada

Ao utilizar essas escalas, podemos não apenas obter uma visão mais clara do estado mental de nossos pacientes, mas também garantir que não deixamos passar questões críticas que podem ser exacerbadas pelo trauma recente.


Lembrem-se de integrar essas ferramentas como um complemento à entrevista clínica, e não como substitutas. A nossa presença, empatia e habilidade de escutar são insubstituíveis e essenciais para a recuperação dos nossos pacientes.

Vamos continuar trabalhando juntos para oferecer o melhor cuidado possível durante esses tempos difíceis!


Um grande abraço,
Dra Juliana Tramontina