Em maio de 2024, o Rio Grande do Sul foi afetado pela maior enchente da sua história e um número expressivo de deslizamentos e resgates em meio aos escombros e água tornaram-se rotina nos noticiários.

A exposição à água e à lama das enchentes aumenta o risco de doenças transmitidas por via hídrica ou ambiental, bem como pelo contato direto de vírus e bactérias com possíveis ferimentos. A vacinação é um dos pilares essenciais para promoção da saúde, ainda mais em meio a uma situação de catástrofe. Além disso, as pessoas nas cidades atingidas também estão expostas a infecções respiratórias, devido às aglomerações, e infecções decorrentes de traumatismos.

Sendo assim, a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) divulgou uma nota técnica com orientações para a vacinação das vítimas das chuvas, assim como das equipes de resgate e profissionais da saúde:

  •  Influenza e covid-19 (a partir de seis meses de idade)
    Socorristas (profissionais e voluntários);
    Pessoas de atendimento em abrigos (profissionais e voluntários);
    Abrigados (pessoas resgatadas e locadas em abrigos);
    Desalojados (pessoas resgatadas e locadas fora de abrigos);
    Grupos prioritários para vacinação definidos pelo PNI.
  • Hepatite A:
    População dos grupos de risco definidos pelo CRIE que estejam abrigados ou desalojados;
    Socorristas (profissionais e voluntários);
    Bloqueio pós-exposição de caso de hepatite A em abrigos;
    Gestantes de 18 a 40 anos (abrigadas ou desalojadas;
    Pessoas de 18 a 40 anos (abrigadas ou desalojadas).


  • Tétano (para não vacinados nos últimos cinco anos ou sem carteira de vacinação):
    Socorristas (profissionais e voluntários);
    População resgatada com ferimentos;
    Gestante abrigada (dTpa a partir de 20 semanas).
    • Raiva:
      Profilaxia pré-exposição para médicos veterinários e técnicos em veterinária, pessoas/voluntários que estão atuando diretamente com os animais resgatados, trabalhando em abrigos de animais, ou no resgate dos animais atingidos pela enchente;
      Profilaxia pós-exposição no caso de acidentes/agressão envolvendo animais, em pessoas sem relato/documentação de vacina pré-exposição. A depender do acidente, pode ser necessária utilização de soro antirrábico;
      Cabe ressaltar que, independente das enchentes, toda a população deve manter o calendário vacinal atualizado a fim de reduzirmos a incidência de doenças potencialmente graves.

    Referências:

    1. NOTA TÉCNICA CONJUNTA DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE INFECTOLOGIA, SOCIEDADE GAÚCHA DE INFECTOLOGIA E SOCIEDADE BRASILEIRA DE IMUNIZAÇÕES: RECOMENDAÇÕES DE IMUNIZAÇÃO PARA PESSOAS EM SITUAÇÃO DE ENCHENTES NO RIO GRANDE DO SUL. Disponível em: https://sbim.org.br/images/fil...
    2. RESPOSTA CONJUNTA DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE INFECTOLOGIA, SOCIEDADE GAÚCHA DE INFECTOLOGIA E SOCIEDADE BRASILEIRA DE IMUNIZAÇÕES AO PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÕES E SECRETARIA ESTADUAL DA SAÚDE DO RIO GRANDE DO SUL SOBRE SITUAÇÕES PRIORITÁRIAS EM IMUNIZAÇÃO NO CONTEXTO DAS ENCHENTES NO RIO GRANDE DO SUL. Disponível em: https://sbim.org.br/images/fil...


    Por Bruna Schafer Rojas,
    Médica Neonatologista
    CRM 43720.